Qualquer ser humano que já tenha enchido a cara sabe que é quase impossível não pagar um mico quando se está bêbado

           Qualquer ser humano que já tenha enchido a cara sabe que é quase impossível não pagar um mico quando se está bêbado

            Nessas horas, o excesso de álcool já não deixa o indivíduo raciocinar como deveria e o pior, no dia seguinte a famosa amnésia vai deixá-lo com aquela dúvida cruel se o que fez foi tão tenebroso como todos estão dizendo.
           Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool. Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser humano data de aproximadamente 6000 a.C., sendo portanto, um costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noção de álcool como uma substância divina, por exemplo, pode ser encontrada em inúmeros exemplos na mitologia, sendo talvez um dos factores responsáveis pela manutenção do hábito de beber ao longo do tempo.
           O álcool (palavra de origem árabe: ai = a, cohol = coisa sutil), é tóxico, atingindo de preferência o aparelho digestivo: o indivíduo perde o apetite, o estômago se inflama e a ulceração da sua mucosa logo se manifesta. Trata-se de um líquido incolor produzido a partir de cereais, raízes e frutos. Pode ser obtido mediante a fermentação destes produtos, atingindo concentrações que variam entre 5 e 20% (cerveja, vinho, sidra) ou por destilação e/ou adição de álcool resultante de destilação, o que aumenta a concentração etílica até 40% (aguardente, licor, gin, whisky, vodka, rum, genebra, vinhos espirituosos).
           O nome químico do álcool é etanol, substância com a forma química de CH3 CH2 OH. O álcool pode ser associado a outros elementos químicos, responsáveis pela cor, sabor, odor e outras características da bebida. A sua comercialização e consumo são legais.
           É consumido por via oral. Após a sua ingestão, começa a circular na corrente sanguínea, afetando todo o organismo, principalmente cérebro e fígado. A molécula de etanol levada pelo sangue chega ao cérebro, que estimula os neurônios a liberar uma quantia a mais de Serotonina. (Substância que regulariza o prazer, humor e ansiedade) deixando a pessoa desinibida e eufórica. O vômito funciona como um mecanismo de autodefesa, contra a ação agressiva do álcool no estômago. A nível dos neurotransmissores, é facilitador da transmissão dopaminérgica, que está associada às características aprazíveis das drogas. Bloqueia o funcionamento do sistema nervoso central, provocando um efeito depressor. A aparente estimulação conseguida com o álcool é, na realidade, resultado da depressão dos mecanismos de controlo inibitório do cérebro. Em primeiro lugar são afectados os centros superiores (o que se repercute na fala, pensamento, cognição e juízo) e posteriormente deprimem os centros inferiores (afectando a respiração, os reflexos e, em casos de intoxicação aguda, provocando coma).
            Apesar da ampla função terapêutica do álcool durante a Idade Média, actualmente tem uma utilização muito restrita a este nível. É usado para desinfecção e cura de algumas lesões na pele. O consumo moderado de álcool pode ser benéfico, dado que reduz o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares.Chegando ao seio da substância nervosa, excita-a e diminui sua energia e resistência, e deprime os centros nervosos fazendo surgir lesões mais graves: paralisias, delírios (delirium tremens).
           Por desconhecimento da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele actua no sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência. O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo admitido e até incentivado pela sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual ele é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas. Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas, quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a longo prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo. O consumo inadequado do álcool é um importante problema de saúde pública, especialmente nas sociedades ocidentais, acarretando altos custos para sociedade e envolvendo questões, médicas, psicológicas, profissionais e familiares.
            Múltiplas alterações ocorrem no funcionamento do organismo a partir do quinto minuto de sua ingestão até atingir seu pico máximo, de 30 a 90 minutos depois, seja no abuso (consumo esporádico), seja na dependência (compulsão que leva à doença, o alcoolismo).
Efeitos imediatos do álcool: sonolência ou agressividade, irritabilidade, agitação, alteração de equilíbrio e marcha, alteração de memória, vômitos, convulsões, coma e até morte.
Efeitos tardios: cânceres do sistema digestivo, cirrose, pancreatite alcoólica, perda de sensibilidade em membros inferiores, atrofia do cérebro (alterações de comportamento, convulsões, demência), arritmia cardíaca, impotência sexual, esterilidade e síndrome de abstinência fetal (bebê nasce dependente de álcool, apresentando os sintomas acima). Abortamentos, baixo peso ao nascer e prematuridade, bem como retardos mentais, são freqüentes em filhos de mães alcoólatras.
          As conseqüências sociais são desajuste familiar, mau rendimento e relacionamento no trabalho, predisposição a acidentes em linhas de produção, falta ou atraso no emprego, suscetibilidade para produzir e sofrer acidentes e violência, assim como ocorrências policiais. Atenção para riscos de ingerir álcool com medicamentos, quando os efeitos colaterais aumentam e os efeitos necessários se alteram.
           A ingestão exagerada em uma única vez induz ao alcoolismo com regurgitação. Estudos mostram que ingestões exageradas em uma única vez tendem a matar mais que o alcoolismo crônico, além de induzirem à dependência química. O indivíduo está dependente do álcool a partir do momento em que não consegue mais realizar tarefas diárias sem enxeri-lo, adquirindo-o mesmo quando não pode e sentindo-se mais seguro junto do mesmo. Mulheres e homens têm tolerâncias diferentes ao álcool.
           Doses médias toleráveis por dia em homens são de até dois drinques, enquanto que em mulheres e idosos é de apenas um, considerando uma dose como 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de licores e congêneres de alto teor alcoólico.
           Os factores que podem levar ao alcoolismo são variados, podendo ser de origem biológica, psicológica, sociocultural ou ainda ter a contribuição resultante de todos estes factores. A dependência do álcool é uma condição frequente, atingindo cerca de 5 a 10% da população adulta brasileira.
           O alcoolismo é uma doença considerada sem cura, porém com controle através de programas multidisciplinares de desintoxicação, medicação, aconselhamentos, psicanálise, acompanhamento psiquiátrico, reforço espiritual, resgate da auto-estima e grupos de ajuda mútua. E como a ferrugem nos metais leva à uma degeneração do organismo, lenta e progressiva até a morte.
           Além das catástrofes provocadas no organismo físico, quantos males e acidentes desastrosos são ocasionados pela embriaguez! Os jornais, todos os dias, enchem as suas páginas com tristes casos de crimes e desatinos ocorridos com indivíduos e mesmo famílias inteiras, provocados por criaturas alcoolizadas.
           A embriaguez é hábito que se observa difundido em todas as camadas sociais. Mudam-se os tipos de bebidas: das mais populares, ao alcance do trabalhor braçal, às mais sofisticadas, para os homens de “status”. No entanto, o costume é o mesmo, os prejuízos, iguais. Em geral, a tendência para beber vem de uma perturbação da afetividade que pode ser originada na infância. Os problemas infantis gerados nos desequilíbrios familiares, pela falta de carinho dos pais ou por outros conflitos — são comumente as raízes desse estado íntimo propício ao alcoolismo.
           A bebida só leva à autodestruição e nada de construtivo oferece às suas vítimas. As alterações das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez, principalmente da autocensura, que priva a criatura da razão, tem levado homens probos a cometer desatinos, crimes passionais e tragédias. Na embriaguez, o domínio sobre a nossa vontade é facilmente realizado pelas entidades tenebrosas, conduzindo-nos aos atos de brutalidade.
           Há pessoas ingênuas ou ignorantes que abusam do álcool e esquecem que, assim como o cigarro, os males não vão aparecer agora, mas sim daqui a alguns anos. O excesso de álcool faz mal à saúde. O prazer de algumas horas de uma bebedeira, no dia seguinte dá lugar à ressaca, e muitas vezes a coisas bem piores, como a morte em acidentes de trânsito, ou tragédias devido ao álcool.
          Portanto, antes de beber, pense se vale a pena!

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