Muitas
pessoas alteram cirurgicamente a sua aparência física com a intenção de
aumentar o seu bem-estar social e psicológico. No entanto, a eficácia, a
longo prazo, da cirurgia estética na melhoria do bem-estar não estava
confirmada. Um estudo recente se debruça sobre essa questão
Em um estudo
de longo prazo, uma equipe de cientistas investigou os efeitos
psicológicos da cirurgia plástica em cerca de 550 pacientes. Como
resultado final, os participantes demonstraram mais satisfação com a
vida e mais autoestima após a cirurgia ter alterado sua aparência
física. Os resultados compõem o maior estudo já feito sobre esta questão
foram publicados na revista científica Clinical Psychological Science.
O objetivo do estudo
Os
pesquisadores buscaram descobrir se os pacientes que se submetem à
cirurgia plástica eram sistematicamente diferentes das outras pessoas,
que metas eles estabeleceram para si mesmos, antes da cirurgia, e que
metas eles conseguiram alcançar depois do procedimento cirúrgico.
Os
pesquisadores compararam 544 pacientes que fizeram uma cirurgia
plástica pela primeira vez com dois outros grupos: 264 pessoas que já
tinham pensado em fazer uma cirurgia plástica e, em seguida, decidiram
não fazer o procedimento, e, por outro lado, 1000 pessoas, da população
em geral, que nunca se interessou pelo tema.
“O
desejo de uma melhor aparência por razões estéticas geralmente ocorre
em pessoas mais jovens com rendimentos ligeiramente acima da média. As
mulheres representam 87% de todos os pacientes que optam pela cirurgia
plástica. No geral, não houve diferenças significativas entre os três
grupos estudados em termos de variáveis psicológicas e de saúde, como a
saúde mental, satisfação com a vida e níveis de depressão”, afirma o
cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina
Integrada (CRM-SP 62.735).
A maioria dos pacientes não espera o impossível de uma cirurgia
Usando um instrumento psicológico, chamado Goal Attainment Scaling, os investigadores examinaram também os objetivos que os pacientes queriam alcançar por meio de uma cirurgia estética.
Juntamente
com questões abertas, frases padrão foram oferecidas à apreciação dos
participantes, incluindo duas claramente irrealistas: "Todos os meus
problemas serão resolvidos" e "Eu serei uma pessoa completamente nova."
“Apenas
12% dos entrevistados optaram especificamente por essas metas padrão
irrealistas. Nas questões abertas, os pacientes responderam de forma
mais realista, expressando desejos, tais como ‘se sentir melhor’,
‘eliminar manchas’ e ‘desenvolver mais autoconfiança’”, conta o diretor
do Centro de Medicina Integrada.
Melhorias, a longo prazo, em variáveis psicológicas após a cirurgia
Os
pesquisadores testaram os pacientes antes da cirurgia, bem como três,
seis e doze meses depois. “Em média, os participantes afirmaram ter
alcançado o objetivo desejado e estarem satisfeitos com os resultados, a
longo prazo. Em comparação com aqueles que tinham optado por não fazer a
cirurgia plástica, os pacientes que fizeram a cirurgia plástica se
sentiam mais saudáveis, menos ansiosos, tinham desenvolvido mais
autoestima e consideravam seus corpos mais atraentes. Não foram
observados efeitos adversos. Assim, os pesquisadores foram capazes de
estabelecer um nível elevado para a média de sucesso do tratamento da
cirurgia plástica, também em termos de características psicológicas”,
afirma Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica.
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