Adriana Melo, doutora em Tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, tem 45 anos e há 16 integra o setor de medicina fetal da principal maternidade pública de Campina Grande (PB), Isea - Instituto de Saúde Elpidio de Almeida, que atende exclusivamente pacientes do SUS. Enquanto o Zika ainda era visto como um tipo mais suave de dengue, ela foi a primeira a suspeitar da relação entre este vírus e a má formação do cérebro de crianças. Entre outubro e novembro de 2015, examinando duas gestantes de bebês que nasceriam com microcefalia percebeu que se tratava de um novo padrão da anomalia neurológica. O governo da Paraíba enviou as pacientes para serem examinadas em São Paulo e, em novembro, por iniciativa da doutora Adriana Melo, o material colhido nas pacientes foi enviado à Fiocruz para o laudo decisivo que levou o Ministério da Saúde a decretar emergência sanitária, apenas três meses após o aparecimento das primeiras suspeitas.
Passados apenas quatro meses, os casos suspeitos já chegaram a 3.893. Segundo a Fiocruz, poderão chegar a 16 mil neste ano, um problema de saúde pública com dimensões que provavelmente superarão a tragédia da talidomida que ao final da década de 1950 afetou 10 mil nascituros. A médica paraibana enfrentou inicialmente dúvidas e resistências burocráticas semelhantes àquelas que ocorreram com o sanitarista Oswaldo Cruz no início do século XX, quando propôs eliminar focos de insetos transmissores de doenças tropicais para combater a febre amarela e varíola.
Adriana Melo é graduada em Medicina pela Universidade Federal de Campina Grande - PB (1994), possui residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Agamenon Magalhães, Recife - PE (1996), mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual da Paraíba - UEPB (2006). Doutorado em Tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2012), Doutorado em Saúde Materno Infantil pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP, Recife - PE (2012) e Pós-doutorado em Saúde da Mulher pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP, Recife - PE (2014). Tem título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia - TEGO, em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia e em Medicina Fetal. Atualmente é médica do Instituto Paraibano de Diagnóstico - EMBRION e Maximagem Diagnóstico por Imagem, ultrassonografista concursada lotada na enfermaria de alto-risco do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida - ISEA em Campina Grande - PB, além de pesquisadora e presidente do Instituto Paraibano de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto - IPESQ. Foi bolsista de pós-doutorado junior pelo CNPq (2013/2014). Tem experiência na área de Medicina fetal, Epidemiologia e Saúde Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: determinantes do crescimento fetal, baixo peso e macrossomia ao nascer, adiposidade visceral fetal e materna, ganho ponderal na gestação, exercício físico e gestação, doenças infecciosas e gravidez, com ênfase em infecção por zika vírus e zika congênita (incluindo microcefalia).