Belinda & EM quando a amizade precisa ser de verdade para se conhecer alguém



Em Belinda & Em, o estilo de escrever é determinante, obviamente, que o maior componente é a criatividade e a sequência mais lógica possível para terminar bem a estória que parece história. A autora Cammie McGovern usa o estilo de narrativa tão bem, acentua tanto, que da metade do livro em diante Belinda começa a ganhar vida e ela, autora e personagem parecem um só em vários instantes sem provocar intensidade e êxtase.

É livro sem catarse onde a perplexidade persegue a todos o tempo todo e nem tem a mão da justiça. É delicado, sutil e foca a problemática do jovem adolescente, seu futuro e principalmente, a protagonista Belinda, aluna especial, em classe especial, onde encontra com outros alunos especiais, onde descobre-se diferente,  para ela melhor que todos e pelo "castigo" do destino o seu grande amor que mesmo Down e a chamar de Beminda e não de Belinda.

O conflito da direção da escola em aceitar e não entrosar as pessoas deficientes durante todo o período letivo do reformado Ensino Médio. A problemática Gay sendo analisada no universo juvenil, sem as bandeiras que ocorrem no Brasil, como na novela das 21 onde uma moça bonita e rica vai se tornar homem assim, num estalar de dedos, sem exames e conclusões psicológicas, sem exames hormonais. Pelo menos até agora.
A autora discute a homossexualidade não como defeito, opção, modismo, discute o que ela produz, amor, paixão, namoro, primeiros encontros, primeiro beijo. Os pais devem saber, não devem saber, sem porquês, sem discussões e sem dramas.

O livro, as mais de 350 páginas podem ser devoradas por alguns em um ou dois dias. Uma semana para quem não tem tempo integral ou horas seria o ideal. A dinâmica é leve, a tradução para o português usou até muitos lugares comns de nossa língua e deixou a ideia da autora fluir, a de não causar polêmica onde não tem polêmica, que é o que o movimento de homossexuais procura sempre e outros, atacam sempre o pensamento dos "velhos" como retrógrado, o governo, as ditaduras e se de um lado estão com razão. Pelo outro perdem em diálogo, em amizade e conhecimento.

O título diz a autora que se diz péssima em títulos, ela agradece em especial a um conhecido, que não vou dizer nada da estória que parece história. Não contarei o porque afirmo isso. O enredo, digo assim devido ter sentido que esse livro, ou tema possa estrelar em telas de cinema do mundo, até mesmo teatro. Com uma boa produção, diretor tem tudo para conquistar o universo chamado teen e os "aborrecentes" e os adolescentes mais exigentes.

Marcelo dos Santos - jornalista - MTB 16.539 SP/SP

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