Estudo
mostra que os sinais do dispositivo wearable podem ajudar a identificar
os pacientes mais propensos a ter a visão deteriorada mais rapidamente
Uma
lente de contato com um sensor embutido poderia ajudar a determinar
quais os pacientes com glaucoma têm um maior risco de progressão da
doença, de acordo com um novo estudo.
Pesquisadores da Universidade de Columbia descobriram que certos
padrões de sinais elétricos emitidos a partir das lentes de contato
"inteligentes" se correlacionam com uma taxa mais rápida de progressão
do glaucoma. Os resultados foram publicado no jornal da Academia
Americana de Oftalmologia.
O glaucoma permanece como uma das principais causas de cegueira no mundo.
Um dos principais indicadores da doença é a alta pressão no olho ou a
pressão intraocular. “Os médicos, muitas vezes, verificam a pressão do
olho para medir a saúde ocular de um paciente. No entanto, estes testes
reproduzem um único instantâneo no tempo e são impraticáveis de serem
executados à noite, quando a pressão do olho normalmente sobe. Com o
advento das lentes de contato inteligentes, que monitoram os pacientes
de forma contínua, os cientistas esperam resolver esse problema”, afirma
o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Os
pesquisadores testaram as lentes em 40 pacientes entre as idades de
40-89 anos em tratamento para glaucoma de ângulo aberto, a forma mais
comum da doença. Em dois anos, eles realizaram pelo menos oito testes de
campo visual padrão nesses pacientes. Metade foi classificada como
tendo a progressão da doença lenta, enquanto os outros 20 tiveram a
progressão da doença classificada como rápida.
Os
pacientes, em seguida, passaram a usar uma lente de contato inteligente
por 24 horas, inclusive durante a noite, enquanto dormiam. O sensor da
lente detecta alterações na curvatura da lente. À medida em que a
pressão do olho se altera, acontecem também alterações das curvas,
gerando um sinal elétrico enviado para um dispositivo sem fios que grava
os sinais. Semelhante a um eletrocardiograma, o procedimento mostra o
perfil dos sinais captados pelas lentes inteligentes, revelando
alterações de pressão do olho ao longo do tempo.
“Os
investigadores descobriram que os pacientes com picos íngremes gravados
durante a noite e um maior número de picos em seu perfil geral tendem a
ter uma progressão do glaucoma mais rápida. Esta informação nos fornece
mais detalhes sobre o glaucoma e também um propósito para decifrar os
sinais desta nova tecnologia wearable. Usando estes resultados,
os médicos podem estimar melhor o risco de progressão da doença a partir
das lentes inteligentes. Os resultados também podem ter implicações
sobre o uso de lentes para avaliar os tratamentos do glaucoma”, explica a
especialista em glaucoma do IMO, a oftalmologista Márcia Lucia Marques (CRM-SP 110.583).
“O
que pode ser visto nessas medições é uma assinatura que indica quais
pacientes com glaucoma vão piorar e quais são relativamente estáveis, o
que não pode ser feito por meio de uma medição da pressão ocular de uma
só vez. Isso pode ser muito útil se os cientistas desejarem saber se um
novo medicamento está auxiliando um paciente. Os pesquisadores podem
acompanhar como o olho reage à terapia de uma forma muito mais
significativa”, conta Márcia Lucia Marques.
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