Dia Internacional da
Mulher:
Cardiologistas da Sociedade
Brasileira de Arritmias Cardíacas alertam para a defasagem de
check-ups cardíacos entre as mulheres. Doenças
cardiovasculares, como as arritmias cardíacas, matam mais que os
cânceres de útero e de mamas somados
Segundo dados da Organização
Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares,
até algumas décadas atrás, eram vistas como
típicas do sexo masculino. Hoje, as mulheres estão tão
propensas quanto os homens e, em alguns casos, estão até mais
susceptíveis. Estatísticas apontam que as doenças
cardíacas já superam os tumores de mama e útero nas
mulheres, representando 1/3 das mortes neste público. Por isso, a
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC)
faz um alerta em meio às comemorações do Dia
Internacional da Mulher: há um aumento considerável de
complicações cardíacas relacionadas à
fibrilação atrial, um subtipo de arritmia cardíaca
muito comum, que tem como principal (e pior) consequência o Acidente
Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como
derrame.
“Por volta dos 45-54 anos é quando
a mulher entra na menopausa e tem uma queda importante nos níveis de
estrogênio, hormônio que a protege contra a
formação de placas de gordura nas artérias. Junte-se a
isso outros fatores, como hipertensão, obesidade, sedentarismo,
consumos de bebidas alcóolicas e tabaco”, destaca a
cardiologista e membro da SOBRAC, Dra. Erika Olivier. A
médica explica ainda que os problemas da Fibrilação
Atrial no sexo feminino causam descompasso na frequência
cardíaca, com duração de episódios maiores se
comparadas aos homens.
Algumas pesquisas apontam que 74% das mortes no
Brasil são causadas por doenças crônicas não
transmissíveis, como as doenças cardíacas. Vale
lembrar que o número de óbitos em decorrência das
arritmias cardíacas no País é de 300 mil pessoas por
ano.
Diversos fatores, como o envelhecimento
populacional, estão associados a isso, mas observa-se também
que cada vez mais as mulheres estão ingerindo mais bebida
alcóolica e são tabagistas, hábitos que estão
diretamente relacionados às arritmias e todas as demais
doenças cardiovasculares. “Na menopausa, a mulher tende a
acumular mais gordura ao redor do abdômen e na parte superior do
corpo, favorecendo a obesidade, outro fator de risco para a
fibrilação atrial e demais doenças cardiovasculares.
Há ainda o perigo da interação entre fumo e
anticoncepcional, que a partir dos 30 anos pode causar trombose venosa e,
consequentemente, embolia pulmonar”, diz a Dra. Erika
Olivier.
Coordenadora do Departamento da Mulher, criado
recentemente pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, a
cardiologista Erika Olivier destaca que a conscientização
deve acontecer de uma forma global, começando pelos exames regulares
ao cardiologista para que se avance no combate a todos os fatores de risco
que podem levar às doenças cardíacas e à morte
súbita. “Hoje, há um grande número de
mulheres no mercado de trabalho, inclusive em cargos executivos, que antes
eram ocupados apenas por homens. Isso vem exigindo mais responsabilidades e
reduzindo o tempo disponível para o cuidado com a saúde,
até em razão da jornada dupla que elas têm que cumprir.
Mas ir ao cardiologista é imprescindível”, observa
Erika.
Prevenção
A partir deste ano, o Sociedade Brasileira de
Arritmias Cardíacas terá à frente a Dra. Denise
Hachul, que assume a presidência da entidade para a gestão
de 2016-2017. A cardiologista também pontua que o público
feminino está em defasagem com os exames cardiológicos
preventivos. Segundo Hachul, “as mulheres se preocupam tanto com os
exames ginecológicos, mas esquecem dos cuidados com a saúde
cardiovascular, que em seu conjunto de doenças mata mais que os
cânceres de útero e de mamas
somados”.
Para a Presidente da SOBRAC, além
dos exames cardiológicos regulares, e em razão da
presença cada vez maior no mercado de tralhado, as mulheres devem
ter hábitos de vida saudáveis, desenvolver uma dieta
equilibrada - com a ingestão abundante de alimentos frescos, frutas,
verduras, água -, atividade física regular, reduzir o
estresse e ter horas adequadas de sono. “E evitar o tabagismo e o
álcool”, ressalta Hachul.
Embora os homens desempenhem hoje papel
semelhante na educação dos filhos, geralmente é a
mulher quem acompanha mais atentamente a alimentação das
crianças. “É importante criar os filhos de forma
saudável, pois isso refletirá em ter uma sociedade com
adultos sadios no futuro, e contribuirá para a redução
de casos de arritmias cardíacas e a tão temida morte
súbita”, conclui a Presidente da SOBRAC.
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