Basta de violência contra a mulher
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Raquel Xavier de Souza Saito
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A Constituição Federal do Brasil de 1988 declarou igualdade entre homens e mulheres. Apesar dessa conquista, na prática, ainda há um abismo entre as disposições do direito e da proteção e a efetiva igualdade de gêneros. Para avançar no enfrentamento da violência como um grave problema de saúde pública relacionado a gênero e vulnerabilidade. A lei Maria da Penha 11.340/2006, visa à proteção da mulher e da família e define violência como “Qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.
No artigo 5º, da lei Maria da Penha e a
lei 13.104/2015, dispõe sobre o fenômeno do “feminicídio”, e reconhecem
como, crime hediondo e com agravantes, situações específicas de
vulnerabilidade. Apesar desses dispositivos, essas Leis ainda não
asseguraram redução da incidência da violência.
Os dados dos primeiros dez meses de
2015 mostram a magnitude da violência. Do total de 63.090 denúncias de
violência contra a mulher, 31.432 corresponderam a denúncias de
violência física (49,82%), 19.182 de violência psicológica (30,40%),
4.627 de violência moral (7,33%), 1.382 de violência patrimonial
(2,19%), 3.064 de violência sexual (4,86%), 3.071 de cárcere privado
(1,76%) e 332 envolvendo tráfico (0,53%).
Os atendimentos registrados no 180, em
2015, revelaram que 77,83% das vítimas possuem filhos e 80,42%
presenciaram ou sofreram a violência. Essa realidade posiciona o Brasil
nos primeiros lugares entre os países com maior índice de violência
contra a mulher. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que
avaliaram um grupo de 83 países mostram que entre 1980 e 2013 foram
assassinadas 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013. O país tem uma taxa de
4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo.
O Mapa da Violência de 2015 mostra que
dos 4.762 homicídios de mulheres registrados em 2013, 50,3% foram
cometidos por familiares, sendo a maioria desses crimes (33,2%)
cometidos por parceiros ou ex-parceiros. Evidências mostram que a cada
sete feminicídios, quatro foram praticados por pessoas que tiveram ou
tinham relações íntimas de afeto com a mulher. Estimativas do Mapa da
Violência 2015, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde,
alertam para o fato de a violência doméstica e familiar se constituir a
principal forma de violência letal praticada contra as mulheres no
Brasil.
Quanto à abrangência desse fenômeno,
apesar da maior incidência de casos acontecerem nas classes sociais
menos favorecidas, a violência é um fenômeno presente em todas as
camadas. O Mapa da Violência 2015 também mostra que em dez anos o número
de mortes violentas de mulheres negras aumentou 54%, passando de 1.864,
em 2003, para 2.875, em 2013. Os motivos podem ser os mais diversos:
ciúmes, ressentimento, inveja, prepotência, machismo, competição,
frustração, rejeição, e em alguns casos, os atos de violência não
possuem motivo.
Apesar de alguns avanços na conquistas
por direitos das mulheres, existem muitas perguntas que ficam sem
repostas. Por exemplo, Por que a violência ainda é vista por muitos como
um fenômeno cultural instituído e aceitável? Que fatores contribuem
para essa triste realidade? Por que a violência ainda é vista por muitos
como um fenômeno cultural instituído e aceitável?
Enquanto não encontramos repostas para
as questões acima, ressalto que o “dia da mulher” deve ser discutido
todos os dias do ano, assim, vamos conquistar a igualdade de diretos.
Raquel Xavier de Souza Saito é coordenadora
da Pós-graduação em Saúde da Família da Faculdade Santa Marcelina,
Autoridade Sanitária da Vigilância Epidemiológica (Supervisão Técnica de
Saúde de Itaquera) – Prefeitura Municipal de São Paulo. |
Dia 8 de março Dia Interncional da Mulher, leia: Basta de violência contra a mulher - Raquel Xavier de Souza Saito
Marcelo dos Santos - jornalista - MTb 16.539 SP/SP
Marcelo dos Santos - jornalista - MTb 16.539 SP/SP
11H23
março 07, 2016
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