No Dia Mundial do Câncer, INCA alerta
para excesso de peso e sedentarismo como fatores de risco, e lança as
estimativas para 2016
Alimentação saudável e prática de
atividades físicas são o binômio-chave para a prevenção de vários tipos
de câncer – especialmente os de próstata, mama e cólon e reto (conhecido
como câncer de intestino). Esta será a mais importante mensagem do
Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA),
órgão vinculado ao Ministério da Saúde, para a campanha “Nós podemos. Eu
posso”, lançada nesta quinta (04), no Rio de Janeiro (RJ), para marcar o
Dia Mundial do Câncer.
A campanha é promovida mundialmente pela
União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), que congrega mais
de 800 organizações em 155 países, os quais também adotarão o lema “We
can. I can”. O objetivo é estimular a população de todo o planeta a
adotar, individualmente ou em grupo, hábitos de vida saudáveis, como não
fumar, reduzir o consumo de bebida alcóolica e evitar exposição aos
raios ultra-violetas, além de comer de modo saudável e se exercitar.
Segundo estimativas do INCA/MS, cerca de
15 mil novos casos de câncer no Brasil em 2016 deverão ser atribuídos ao
excesso de peso e à obesidade, que aumentaram de forma alarmante nas
últimas décadas. De acordo com o órgão, os três tipos de câncer
responsáveis pela maior parte dos novos casos da doença em 2016
(excluindo o de pele não melanoma) são fortemente relacionados ao
excesso de peso e à obesidade: próstata, mama e cólon e reto.
Mudanças no padrão de alimentação
tradicional do brasileiro e o elevado índice de sedentarismo, entre
outros fatores, criaram condições para a deflagração de uma verdadeira
epidemia de obesidade no país, seguindo tendência verificada em países
desenvolvidos.
“O brasileiro está trocando o tradicional
feijão com arroz e os alimentos frescos por produtos industrializados
de toda sorte, fast food, bebidas açucaradas, biscoitos etc. Esse
processo aconteceu ao longo das últimas décadas e já provoca impactos
diretos na incidência de câncer”, afirma Luis Fernando Bouzas,
diretor-geral do INCA.
Bouzas enfatiza que a mobilização para o
controle da obesidade deve ser ampla e contar com o apoio de entidades
médicas, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Sociedade
Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica,
a Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica e a Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia, entre outras.
ESTIMATIVAS PARA 2016 - O
INCA estima que haverá no Brasil este ano 61.200 novos casos de câncer
de próstata, que é o tipo mais comum entre os homens, e 57.960 novos
casos de câncer de mama, o mais incidente entre as mulheres. Colón e
reto será o terceiro mais incidente, com 34.280 novos casos (16.660 em
homens e 17.620 em mulheres).
Além desses três tipos principais, há
evidências da relação entre o excesso de peso/obesidade com seguintes
cânceres: esôfago, pâncreas, endométrio (corpo do útero), ovário, rim e
vesícula biliar.
Endométrio e ovário apresentam posição
relevante em determinadas regiões do país. Entre as mulheres, em 2016, o
câncer de endométrio será o quinto mais incidente na Região Sudeste
(4.180 novos casos), enquanto o câncer de ovário será o quinto mais
incidente (530 novos casos) na Região Centro-Oeste.
AVANÇO DA OBESIDADE - As
pesquisas sobre a saúde dos brasileiros indicam com clareza o avanço da
obesidade nas últimas décadas. Enquanto na década de 70 cerca de 24% da
população adulta apresentava excesso de peso e 6% obesidade (Estudo
Nacional de Despesa Familiar - Endef 1974-1975), na primeira década de
2000 em torno de 41% da população com mais de 20 anos apresentava
excesso de peso e 11% obesidade (POF, 2003).
Dez anos depois, a Pesquisa Nacional de
Saúde – PNS de 2013 revelou que esses valores saltaram para 56,9% de
excesso de peso e 20,8% de obesidade, o que significa que 82 milhões de
brasileiros com mais de 18 anos estão acima do peso adequado.
O processo de mudança do padrão alimentar
da nossa população é preocupante, afirma o INCA. A quantidade média per
capita comprada de arroz polido e feijão caiu 40,5% e 26,4%,
respectivamente, no período de 2003-2009 (Pesquisa de Orçamento Familiar
2002-2003; 2008-2009). Por outro lado, a compra de alimentos
ultraprocessados - ou seja, caracterizados por densidade energética
elevada e alto teor de gordura, açúcar e sódio -, passou de 20% entre
2002-2003 para aproximadamente 28% entre 2008-2009 (POF 2008-2009).
Em 2013, cerca de 22% da população
consumiam doces e bebidas açucaradas em cinco ou mais dias da semana
(Pesquisa Nacional de Saúde - PNS, 2013) e 63% dos brasileiros não
consumiam a quantidade recomendada de frutas e hortaliças (pelo menos
400 gramas por dia). Para completar o quadro, 46% dos brasileiros eram,
em 2013, insuficientemente ativos, ou seja, não praticavam atividade
física regularmente.
Os focos da campanha “Nós Podemos. Eu
posso” são as atitudes individuais e coletivas para prevenir o câncer,
ações como alimentar-se bem e praticar atividade física regularmente.
Para obter outras informações e participar da campanha, acesse www.inca.gov.br/wcm/dmdc/2016. O site oficial da campanha mundial, em inglês, pode ser acessado aqui.
DEBATE - O evento de
lançamento da campanha no Brasil ocorreu nesta quinta (04) na sede do
Instituto, no Rio, com a participação de autoridades do governo e
presidentes de sociedades médicas. Na ocasião, houve o debate “Nós
podemos, eu posso: atitudes saudáveis para o controle do câncer”, que
contou com especialistas do Instituto e a presença de Márcio Villar, que
superou o sobrepeso e se tornou um atleta de ponta.
Durante a cerimônia, o secretário de
Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, assinou o
texto preliminar das Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do
Câncer do Colo do Útero, que ficará em consulta pública por 30 dias, a
partir da publicação do documento no Diário Oficial da União.
Neste Dia Mundial do Câncer, o INCA
lançou também o desdobramento por estados e capitais das estimativas
para novos casos de câncer em 2016 e 2017. As informações estão no link www.inca.gov.br/estimativa/2016 .
Para outras informações, favor entrar em contato com a assessoria de imprensa do INCA: